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A escolha entre viver e morrer no mundo dos negócios.

Pra começar nosso papo, a Disrupção existe há mais tempo do que alguns poucos anos, quando começamos a ouvi-la da boca de um chefe moderninho, porque viu isso em algum evento como o SXSW e achou que podia copiar. E, que pensar fora da caixa só existe quando uma caixa maior está fora dessa caixinha. Entendeu? Não? Explico: Disrupção, hoje, na verdade é fake news, talquei? Ou melhor, Old News.

Meu primeiro affair com a Disrupção foi na faculdade de comunicação (sim, fiz faculdade, acreditem) quando apresentaram-me um livro de Jean-Maire Dru: Além da Disrupção, que independente do ótimo conteúdo, para mim o que torna esse livro f@***a na verdade é a forma como ele foi criado, de maneira coletiva, assim como nós beduínos no nosso dia a dia. “Shippei”! Tá tá, comecei a enrolar, então resumindo em menos de 140 caracteres: Disrupção é apresentar uma ideia ou uma solução que seja diferente do que você está acostumado. Nada mais, nada menos do que isso! #turndowntowhat #eujasabia.

Disrupção não é pedir uma comida pelo celular sem precisar levantar do sofá, isso é old news e só te mostra o quão preguiçoso você é. Agora, pedir uma comida por menos de 10 reais, com frete incluso, podendo agendar o horário, sem sair de casa e sem precisar abrir a carteira, isso sim é Disrupção, na verdade é o surubão da Disrupção. De todos os deliveries mais-do-mesmo, quem criou isso foi o iFood e chama-se iFood Loop, que tem salvo meus almoços de quinta-feira. Eles entenderam que para concorrerem nesse ambiente onde cada dia nasce uma empresa nova era preciso inovar.

Tá, Por que eu falei tudo isso até agora?

Era só para ver se você está lendo, mentira. Não me xingue, é brincadeira.

É para falar que fui na Saraiva essa semana. Nada mais Old News que a Saraiva. Entediado, contei quantas pessoas estavam lá e vi que das 63, 41 estavam tomando café na Starbucks Brasil. Ninguém estava olhando para nenhum livro, era café ou celular, ou frapuccino (que na verdade é só açúcar, mas fica bonito na foto). Você sabe quanto custa um café no Starbucks? E um livro? É quase o mesmo preço, a diferença que o café sai no seu xixi daqui a pouco, o livro não. Minha mãe sempre me levou na Saraiva porque lá era um lugar de cultura, ela dizia que só lendo muito eu poderia prosperar na vida. Falando em prosperidade, a saraiva já foi muito próspera, lembro bem quando ela valia R$ 1 Bi. Só que hoje meus amigos, hoje ela vale menos de R$ 100 Mi, com dívidas quase do tamanho do antigo faturamento, pasmem. Entendo que o mercado literário passa por uma crise, até porque outras empresas passaram pela mesma coisa: Fnac (quebrou), Nobel (nunca mais nem vi), Livraria Cultura (vive a duras penas). Sabe quem dura? Amazon. E porque isso? Porque ela inova, ela é disruptiva, ela entende que tudo que ela já criou já foi copiado então o que mais ela pode fazer?! Se ela parar de criar, ela sabe que vai quebrar. Ela sabe que se depender 100% do livro, feito de celulose, ela já era.

Empresas como a Saraiva são mais do que lojas de livros. Ali você compra cultura, informação, entretenimento, café (sim, o café foi piada). Só pela capilaridade, ela já possui 50% do necessário para ser disruptiva. Podem mudar a governança, administração, pagar as dívidas, fazer acordos milionários. Se não mudarem o status-quo (não é a banda, é o modo tradicional de fazer as coisas…e sim, eu aprendi isso em um livro) os 100 anos de história estarão perdidos.

Eu adoraria ver a Saraiva reinventando a história ao invés de fazer parte dela, afinal, onde 41 pessoas de 63 estão lá só para tomar um café no Starbucks que aluga aquele espaço, algo de muito errado está acontecendo. A mesma loja amarela, no mesmo shopping, com a mesma vitrine, com o mesmo atendimento é tão anos 2000… Só esquecem que estamos em 2019. Sabendo disso: A escolha entre viver ou morrer só depende delas afinal “Quando o ritmo da mudança dentro de uma instituição se torna mais lento do que o ritmo da mudança fora dela, o fim está próximo. Só falta perguntar quando”1.

Beduíno Fantasma
13/mar/2019 – 2o Texto da nossa história, tomando um cafézinho.

1Citação de Jack Welch retirada da abertura do livro Além da Disrupção, Jean-Maire Dru.

Foto: Taylor Ann

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